A Aprendizagem Cooperativa é um modelo de ensino e aprendizagem em que os estudantes trabalham em pequenos grupos, discutem com os seus colegas e se entreajudam na compreensão e na resolução de problemas. 

A cooperação é a divisão do trabalho entre os participantes, onde cada sujeito é responsável por uma parte do problema a ser resolvido.

Um dos aspetos mais significativos da Aprendizagem Cooperativa passa pela compreensão, por parte de todos os elementos do grupo, de que só podem atingir os seus próprios objetivos se os restantes membros atingirem os deles, verificando-se assim uma interdependência positiva.

A Aprendizagem Cooperativa não prescinde do docente, antes altera o seu papel para alguém que estrutura o trabalho, o estudo e a responsabilidade individual. Para garantir uma verdadeira experiência de Aprendizagem Cooperativa, devem combinar-se cinco fatores: (i) nenhum membro pode alcançar o êxito desejado sem que os demais colegas também o alcancem; (ii) o esforço de cada um é imprescindível para o conjunto; (iii) é necessário trabalhar dialogando; (iv) as habilidades interpessoais, como a liderança ou a comunicação, são cruciais; por último, (v) é necessário fazer-se a monitorização de todo o processo.

De entre vários modelos de Aprendizagem Cooperativa, neste boletim apresentamos o Jigsaw II inspirado na técnica Jigsaw desenvolvida por Aronson e Patnoe (1997).


As 4 fases do modelo Jigsaw aplicado a uma turma de 20 estudantes

1ª Fase: Formação dos Grupos Iniciais e apresentação do Problema


Figura 1. Disposição dos Grupos Iniciais


O docente procede à formação dos grupos de trabalho (Figura 1). É apresentado “o Problema”, que constitui o fio condutor à volta do qual se desenrola toda a aula. Seguidamente, o docente atribui uma tarefa a cada um dos estudantes do grupo (representado na Figura 1 por uma cor). Cada tarefa concorre para a resolução do “Problema”. É condição necessária que a resolução do Problema implique que todas as tarefas sejam resolvidas, funcionando como peças de um puzzle que concorrem para uma solução comum. Contudo, nesta fase, o objetivo é que cada estudante tome conhecimento da sua tarefa, da forma como as diferentes tarefas se articulam e complementam, e da importância do seu empenho individual no processo de resolução do Problema. A resolução das tarefas tem lugar na fase seguinte. 


2ª Fase: Discussão em Grupos de Especialistas 

Figura 2. Disposição dos Grupos de Especialistas

Concluída a 1ª fase, os estudantes são organizados em novos grupos, constituídos de acordo com a tarefa que lhes foi atribuída (Figura 2). Assim, todos os estudantes que receberam a mesma tarefa ficarão juntos no mesmo grupo  (representada pela mesma cor na Figura 2). Por se especializarem na resolução da mesma tarefa, estes grupos designam-se por Grupos de Especialistas. Nesta fase, é essencial que cada estudante se envolva com os restantes elementos do grupo de especialistas, uma vez que recairá sobre si a responsabilidade de levar para o seu Grupo Inicial a resolução da tarefa que lhe foi atribuída. Com este procedimento, cada estudante terá de ser capaz de explicar os processos realizados e defender as opções tomadas no Grupo de Especialistas.


3ª Fase: Retorno aos Grupos Iniciais e apresentação da Proposta de Resolução do Grupo 


Figura 3. Disposição dos Grupos Iniciais

Os estudantes regressam aos Grupos Iniciais, onde apresentam a solução encontrada no Grupo de Especialistas, para a tarefa que lhes havia sido atribuída. Cada “especialista” explica aos restantes elementos do grupo o caminho necessário para resolver a sua tarefa. A análise e discussão das diferentes tarefas permitirão a resolução do Problema. 


4ª Fase: Discussão intra-grupos e Proposta de Resolução da Turma 

A quarta e última fase é dedicada à discussão em plenário/turma. Todos os grupos têm a oportunidade de apresentar à turma a solução que propõem para “o Problema”. Mais importante do que a solução proposta, os estudantes são conduzidos a refletir sobre as estratégias seguidas e as opções tomadas, quer no processo de resolução das tarefas, quer na interação com os pares. Este é o momento em que o docente sublinha a forma como a aprendizagem cooperativa está estruturada e como este modelo pedagógico promove a responsabilidade individual, não permitindo que o estudante se possa aproveitar dos esforços dos colegas do grupo, e que o facto de os estudantes realmente trabalham juntos lhes permite atingir objetivos comuns.


Referências

Aronson, E., & Patnoe, S. (1997). The Jigsaw classroom: Building cooperation in the classroom. New York: Addison Wesley Longman.

Sugestão de consulta: https://www.jigsaw.org/


Autoria:  José Alberto Lencastre

Coordenação: Centro IDEA-UMinho (idea@reitoria.uminho.pt)

Edição: Flávia Vieira, Joaquim Silva, Rui Lima, Gabriel Hornink, Manuel João Costa.


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